Dando início a uma série de entrevistas que faremos com profissionais de nossa área – principalmente DBA’s, mas terá desenvolvedores também, escolhemos a dedo o nosso primeiro entrevistado.

Sobre: Com 20 anos de experiência profissional, Ricardo Portilho Proni é Oracle ACE e já trabalhou em grande parte dos maiores bancos de dados do Brasil. É certificado em Oracle, MySQL, SQL Server, DB2, Sybase e WebSphere. Gestor da equipe técnica na Solvo S/A e Instrutor da Nerv Informática Ltda.

Portilho, é um prazer enorme recebê-lo aqui no Certificação BD.

1) Temos aqui muitas visitas de DBA’s de nível Júnior e também de profissionais de TI que ainda não trabalham como DBA, mas que têm essa aspiração profissional. Muitas vezes estes profissionais ainda em início de carreira se preocupam com certificações, mesmo sem ter experiência de mercado. Qual o melhor momento para um profissional buscar uma certificação na área de banco de dados?

R.: Oi pessoal. Antes de mais nada, o prazer é meu pela oportunidade e espaço dispensado a este tema. Certificação é um tema crucial na área de TI, e realmente fonte de muitas dúvidas, especialmente para os inciantes. A iniciativa de vocês só tem a contribuir para o mercado. Bem, em minha opinião, o momento de tirar uma certificação não é quando você começa na área, e sim, quando você já chega a um nível de domínio do produto. Por exemplo, a certificação Oracle Certified Associate (OCA) do Oracle Database sugere que o profissional é um Associate, ou seja, um a espécie de “ajudante”, ou seja, o DBA Júnior. Já a certificação Oracle Certified Professional (OCP) sugere que o DBA é um profissional formado, pronto para executar as tarefas mais comuns da administração de bancos de dados. E a certificação Oracle Certified Especialist (OCE) já diz tudo, o DBA também é especialista em determinada funcionalidade do produto. Ou seja, não busque a certificação OCP se você ainda não é esta pessoa. A certificação é o atestado para o mercado (e não para a realidade) de que você é que que diz que é. Da mesma forma, não adianta ter carta de motorista e não saber dirigir. Você precisa dos dois, ou será multado, ou baterá o carro. Claro que a carteira de motorista não garante que você não irá bater o carro.

2) Você é um dos raríssimos profissionais com diversas certificações de banco de dados de vários fabricantes. Quais as principais diferenças entre estes fabricantes? Existem peculiaridades para cada certificação? E quais certificações proporcionam maior retorno de mercado aos profissionais?

R.: Minha busca por conhecer os principais bancos de dados do mercado deve-se ao meu objetivo de valorização profissional: é mais barato pagar um DBA que é ao mesmo tempo Sênior em Oracle e DB2 do que contratar dois DBAs, e mesmo assim o DBA multidisciplinar irá ganhar mais que os dois em separado, se souber negociar. Na verdade eu comecei a trabalhar com SQL Server 7, depois MySQL 3, depois veio o Oracle 8i, então ter acesso a diversas tecnologias sempre foi o normal para mim.
O difícil é aprender o segundo banco de dados: você está viciado na terminologia do primeiro, e leva um tempo até os nomes se encaixarem. Por exemplo, Cluster, que achamos ser um termo bem determinístico, é uma coisa para o Oracle (Oracle RAC), e outra para o PostgreSQL (a organização física de uma tabela baseada em um índice). Isto em Oracle chama-se IOT (Index Organized Table), e no SQL Server o termo é mais próximo do PosgreSQL. Mas no terceiro banco de dados que se aprende, fica mais fácil aprender a diferenciar os recursos. E bancos de dados relacionais são muito parecidos: todos tem Redo Logs, por exemplo, de uma forma ou de outra, mesmo com tratamento e mecanismos diferentes. Sobre as provas, a maioria é parecida no formato, mas os DBAs Oracle / DB2 / Sybase / MySQL que partem para a certificação em Microsoft SQL Server costumam ter uma surpresa, pois todos as provas da Microsoft possuem uma parte prática, enquando o profissional, talvez por preconceito, ache que as provas da Microsoft são mais fáceis.
Acho que as certificações com maior retorno são as especialidades, que realmente diferenciam o profissional dos outros para uma determinada funcionalidade.

3) Qual profissional é mais valorizado e requisitado no mercado hoje: um DBA multidisciplinar, que conhece um pouco de vários fabricantes, ou um DBA especialista e profundo conhecedor de um produto específico?

R.: Ninguém quer ser operado por um cirugião júnior. Da mesma forma, todos preferem o especialista para uma determinada e específica tarefa.
Mas acho mais atrativo para o cliente ter a opinião de um DBA multidisciplinar. Eu costumo dizer que um peixe de mar não pode dizer que o rio é ruim, pois o mar é tudo o que ele conhece. Como eu vou recomendar Oracle para um cliente, se isso é tudo o que eu sei?
O DBA especialista pode ser mais requisitado em períodos específicos. Por exemplo, hoje o profissional que conhece Exadata está em alta, pois muitos clientes estão implementando este produto, mas o mercado pode ficar muito cheio destes profissionais em digamos, 5 anos, o que irá baixar seu preço por regra natural de mercado (oferta x demanda). Se o sujeito quiser ser o maior especialista em Exadata do mercado, pode até ganhar bem agora, mas sua recolocação após a conclusão de um projeto, é mais difícil. Já o DBA multidisplinar tem uma empregabilidade muito maior, sua recolocação no mercado é mais rápida, e ele sobrevive melhor a mudanças de tecnologias. Além disso, o DBA multidisciplinar tem a vantagem de poder negociar seu salario acima do máximo de um especialista.
Claro que o profissional não pode ser especialista em tudo. Não dá para conhecer todo o Oracle Database, e muito menos tudo de uns 5 bancos de dados. Então eu procuro focar em subáreas específicas, que são Tuning, Recovery e Alta Disponibilidade.

4) Qual conselho você gostaria de passar aos nossos leitores que buscam uma Certificação em Banco de Dados?

R.: Marque a prova. Certificação é como casamento: se você não marcar a data, não acontece. Ao marcar a data, mesmo com meses de antecedência, você se auto-pressionará para ter uma discplina de estudo. Isto não é por preguiça, é natural do ser humano, aceite.
Outro conselho é: não tenha medo de repetir. Eu já repeti em várias provas, na priveira vez você fica deprimido, mas depois você vê que isto faz parte do processo: se fosse fácil não valeria muito. E quando eu reprovo em alguma prova, remarco ela para a semana seguinte, quando o assunto (e até as questões que eu tive dúvida) ainda está fresco e claro em minha mente.

5) Seus treinamentos na Nerv Informática estão fazendo sucesso: são sempre muito bem falados e recomendados. Fale um pouco sobre o método de ensino adotado pela Nerv, e qual o segredo do alto grau de satisfação dos seus alunos.

R.: Acho que parte do segredo é que eu não abri a Nerv para ganhar dinheiro (embora eu ganhe :-D), mas para fazer a minha parte para ajudar no crescimento do Brasil. Não temos ouvido cada vez mais “Senhor, o sistema está fora”, “Não há previsão”, “O sistema está lento hoje”? Isto se deve muito a profissionais sem conhecimento suficiente cuidando de sistemas importantes. Nós sabemos que isto acontece. Então eu tenho a obrigação como brasileiro de ensinar tudo o que eu sei para ajudar as empresas e pessoas.
Outra preocupação minha, também como nacionalista, é com quem está fora de São Paulo. Por isso cobro menos que o curso oficial, pago parte do hotel, faço o treinamento em três dias seguidos (para só ser necessário uma passagem ida e volta), e não remarco uma turma nunca (porque tenho um custo baixo). Eu mesmo busco e levo os alunos aos hotel. Desta forma, o profissional que está longe pode fazer o treinamento tranquilamente. A maioria dos nossos alunos são de fora de São Paulo, e já recebi alunos de quase todos os estados.
O sucesso então também se deve à administração feita pela Luiza, minha esposa e sócia, que mantém nosso custo baixo e também permite termos uma agenda cheia. E claro, o tratamento VIP aos alunos, providenciado também pela Luiza. Por exemplo, quem veio aqui sabe que o Coffe Break dura o dia inteiro!
Sobre o método: não adianta abrir um milhão de faculdades para cobrir a falta de profissionais, elas não os preparam para o mercado, isto é um fato. Só a experiência faz isso, e meus treinamentos são uma experiência. Por exemplo, não adianta explicar, e nem mesmo fazer o aluno colocar a mão na massa: tenho que fazer ele errar, pois lembramos melhor quando tentamos fazer algo por um bom tempo, e só depois conseguimos. Procuro sempre manter o aluno em um ponto entre o tédio e a ansiedade, mas bem mais para a ansiedade. Por exemplo, geralmente quando os alunos de fora de São Paulo fazem os treinamentos, eles não saem no final do dia, todos vão dormir. Procuro fazer com que a experiência seja mentalmente exaustiva sem ser cansativa, como um dia de trabalho duro.
Eu garanto que o aluno vai sair daqui sabendo instalar, administrar e configurar um Oracle RAC, por exemplo, da mesma forma que ele aprenderia depois de um Projeto.

Certificações do nosso entrevistado:
Oracle ACE
Oracle Database 10g Administrator Certified Associate
Oracle Database 10g Administrator Certified Professional
Oracle Database 10g: RAC Administrator Certified Expert
Oracle Database 10g: Managing Oracle on Linux Certified Expert
Oracle Exadata 11g Certified Implementation Specialist
Microsoft Certified Professional
Microsoft Certified Database Administrator
Microsoft Certified Technology Specialist: SQL Server 2005
Microsoft Certified IT Professional: Database Administrator
Certified MySQL Database Administrator
IBM Certified Database Associate
IBM Certified Database Administrator
Sybase Adaptive Server Administrator Associate
IBM Certified System Administrator – WebSphere Application Server, Network Deployment V6.1

Links:
Ricardo Portilho Proni
Nerv Informática Ltda

Aproveitem e Obrigado Portilho!
Equipe Certificação BD!